segunda-feira, 5 de outubro de 2009

LIVRO "NEM CÉU NEM INFERNO" PARTE 7

O lugar mais sombrio que já havia visto em toda minha vida. O céu era extremamente negro e salpicado de nuvens vermelhas. Ao meu redor, por uma linha que beirava o infinito, corpos e mais corpos se amontoavam como pedras. Um cemitério a céu aberto que em cada corpo exprimia a dor daqueles que os possuíram. Corpos sem cabeça, braço, perna, corpos perfurados por lanças, facas, corpos deformados, esmagados, picados. Corpos e mais corpos. Tantos que não se enxergava a linha do horizonte. Era possível dizer que os corpos formavam muralhas como as de uma fortaleza.
-Me segue. Exclamou Metacarfo, ao caminhar com passos largos.
Durante todo caminho eu não conseguia fixar meus olhos em alguma coisa, tentava procurar no meio de tudo aquilo, um corpo que denotava uma morte pacata, como quando morrem de velhice. Procura tola.
Aos poucos, de tanto caminhar e observar aquilo tudo, meus pés e olhos se cansaram. Metacarfo cada vez mais apressava o passo. Em um certo momento, ele começou a gemer, quando olhei para o chão, vi que estávamos caminhando sobre cacos de vidro. E, com extremo espanto, percebi que não sentia dor.
-Mais rápido, mais rápido.
O demônio olhava para o céu, e parecia enxergar algum aviso, ordenando que se apressasse, avisando que estava atrasado. Eu, apenas seguia a suas ordens e tentava acompanhar seus passos largos e disrítmicos.
Metacarfo, enfim, parou, a beira de um precipício.
-Desculpe.
Não entendia o porquê da desculpa, até que ele me empurrou penhasco a baixo. E com os olhos cheios de lágrima, acenava um adeus.
Senti até uma certa saudade dele durante a queda, mas nada que fora resolvido ali mesmo, afinal, havia muito tempo desde o empurrão lá em cima.
Eu continuei caindo, caindo, caindo. E caí mais um pouco. E de novo. Tudo era completamente escuro e sinistro. Como sempre, gritos ensurdecedores que exprimiam dor extrema eram minha trilha sonora durante a caída. Percebi até uma certa musicalidade naquilo. Se não estivesse àquela posição desagradável, juro que teria dançado.
E continuei caindo, caindo, caindo. Confesso que num certo momento, comecei a pensar que cairia infinitamente, que aquilo serviria como uma espécie de suplício para eu refletir sobre tudo o que fiz, falei e pensei. E ao fim da tortura, eu retornaria à minha antiga vida mais passível do que me fazia mal, porém mais tolerante a tudo isso. Cheguei a ficar excitado com a possibilidade de rever meus avós e passar uma longa temporada bucólica ao lado dos meus progenitores. Convidaria Sabrina, se assim pudesse. Ao menos, plantaria uma árvore em sua homenagem, podendo até escrever um epitáfio bem simpático. Os meus pais eu, mataria, sem dúvida alguma. Agora que era perito, nada me impediria de tal celebração.
Após essa reflexão profunda sobre tudo o que aconteceria se eu voltasse aos tempos de outrora, o fim de minha jornada parecia ter chegado ao fim, pois encontrei o chão.

Nota do autor: eu escrevi de sUpetão, como um gole d'água, portanto, perdoem os possíveis erros na escrita.

Um comentário:

Jairo Vanucci disse...

ola, vi que andou visitando meu blog... assim que eu tiver tempo eu leio seus textos... muito obrigado pelos feeds deixados. Isso me animou por demais a prosseguir meus projetos.