quarta-feira, 9 de setembro de 2009

LIVRO "NEM CÉU NEM INFERNO" PARTE 6

Estranhamente eu ainda estava ali, mas translúcido, eu era somente uma alma.
Metacarfo tocou em meu corpo e ele se fez em chamas a partir do coração. Notei também que uma marca era desenhada em minha testa e pulsos. A marca era um pentagrama invertido. E dentro do pentagrama o número nove.
Após assistir o meu corpo se desfazer em cinzas, Metacarfo começou a inspirar todo o ar ao redor e junto com ele, a nuvem e a minha alma. Então eu pude sentir a escuridão dentro do corpo daquele demônio. Eu podia jurar que haviam muitos corpos lá dentro. Ao olhar para os lados eu conseguia fitar alguns olhos brilhando em meio a escuridão. Não ouvia nada, pois ainda da nuvem soavam gritos ensurdecedores.
Me senti sendo puxado para fora e quando percebi, eu havia sido expirado pelas narinas daquele monstro. Junto comigo a nuvem. Mas a nuvem já não era mais nuvem e aos poucos ia tomando uma forma quase antropomórfica, quando enfim se revelou como um homem alto, tão quanto Metacarfo, entretanto ele não usava roupas e era negro como a noite, aparentando assim ser apenas uma sombra, o que era desmentido pelo vermelho vivo de seus olhos, os quais possuíam no lugar da pupila, a mesma marca desenhada em meu corpo carbonizado, o pentagrama invertido com o número nove ao centro.
-Obrigado Môtu, pode ir agora! Proferiu Metacarfo se referindo a nuvem, que agora sombra de olhos de sangue.
Môtu ficou me encarando com aqueles olhos e parecia ter um certo desejo por mim exprimido naquele olhar. Com uma voz gritante ele indagou Metacarfo:
-É ele?
-Sim, esse é o garoto!
Após obter sua resposta, a sombra se misturou ao ar e desapareceu. Enfim, acordei daquele transe e curioso perguntei à Metacarfo:
-Quem é esse Môtu?
-Môtu é a Morte. Somente ele poderia retirar a sua alma do seu velho corpo.
-Velho corpo?
-Aquele corpo que eu tornei cinza, agora você receberá um novo corpo, é um presente meu, eu mesmo o esculpi, levou um milênio.
Com a naturalidade que ele disse, até pareceu normal esculpir um corpo, até pareceu normal estar vivo por mais de um milênio.
Ele olhava para mim orgulhoso, como se já me conhecesse de longa data. Fiquei encabulado pela forma que me olhava e só então, ao desviar-me do olhar dele, percebi onde eu estava.

6 comentários:

Anônimo disse...

Ain Tô adorando...*...* onde será q ele está?

Anônimo disse...

Putz... macabro :S

Naya Rangel disse...

Impressionante, muito bem escrito! Vou voltar aqui para acompanhar a estória! Adorei!

Abraços!

http://kultura-digital.blogspot.com

Unknown disse...

Hugo, agradeço por todo o prestígio e as palavras no "Versos", é realmente gratificante e há de se exaltar ainda mais pela espontaneidade. Admiro também a sagacidade nessa questão de dividir um conto em várias partes, pois ao mesmo tempo que é uma grande ferramenta de fidelização, pode ir por água baixo e fazer o escritor insistir no erro se o texto não for de qualidade.


Grande abraço!

Atrevido disse...

gostei do seu blog também, volte ao meu.

Tempestades de ideias! disse...

amor, simplismente adoreei esta parte! Você é um grande escritor. Pode ter certeza que você terá um futuro brilhante. Só não gosto desta demora para postar ¬¬' mas tudo bem, sei que demora mas quando vêm são postagens de altissima qualidade! teamo<3 Nexa.