segunda-feira, 10 de agosto de 2009

LIVRO "NEM CÉU, NEM INFERNO" Parte 3

Agora faltavam os ingredientes mais tenebrosos. As três aranhas. Maldito medo de aranha. Maldita fobia de aranha. Eu tinha que superar isso. Mesmo sabendo que fiquei em coma durante um mês no meu último episódio com aranhas, eu resolvi tentar. A ocasião era perfeita. Após ser expulso da escola, minha mãe em um raro ato de bondade, me chutou para a fazenda dos meus avós. Disse que eu precisava de um descanso, não tanto quanto ela que após me sentenciar à nova vida rural foi dar um “teco” no “baseado”.
Ao chegar à fazenda, meus avós me receberam como um príncipe. Eles me adoram. Sempre me adoraram. Apesar da imensa felicidade que sentia em estar num lugar calmo e longe daquela minha família problemática, eu conseguia pressentir a quantidade de aranhas que existiam naquela imensa área verde. Se não fosse o cansaço da viagem, eu diria que até ouvia elas se mexendo.
No terceiro dia de estada no ambiente rural, resolvi acertar minhas contas com o medo e fui à caça das aranhas. Meu avô me deu dicas para achá-las. Perto da mata e da cachoeira.
Quando cheguei ao lugar descrito pelo meu avô, eu encontrei as aranhas. Elas eram tantas que daria pra se fazer umas duzentas magias do “Sumiço”. Senti um leve torpor.
Elas olhavam para mim como quem não gosta da idéia de um ser estranho em seu habitat. Elas cochichavam entre elas. Faziam sinais para me atacar em uníssono. Eu quase desmaiei, mas o barulho da água da cachoeira caindo sobre as pedras me despertou. Avistei cinco aranhas um pouco distantes das outras. Elas estavam excluídas. Pareciam meio distraídas. Acho que estavam dormindo. No ponto perfeito para serem capturadas. Quase como num reflexo, eu joguei o saco de lixo sobre elas e as cinco caíram na armadilha. As outras alvoroçadas, se preparavam para entrar em guerra comigo. Antes que eu pudesse avistar a morte ao ser coberto por aranhas gigantescas, corri como nunca em direção ao nada. Acabei chegando na casa dos meus avós. Enfim, ao notar as cinco aranhas se mexendo loucamente dentro do saco de lixo, eu me rendi ao medo e caí como pedra na varanda da casa.

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