Olhei ao redor e, vi que todos estavam perplexos com o que acabaram de ver. Inclusive, a velha.
-Eu não posso crer, então é, verdade! Cospe menino, cospe, eu sei que você...
Eu permaneci estático, enquanto algo muito extraordinariamente asqueroso acontecia. O coração começou a tomar uma forma humana e fazer um barulho ensurdecedor, como aquele que ouvíamos no estômago de Môtu.
-Não pode ser! Cospe menino, antes que...Cospe! - A velha me deu um tapa na nuca e eu fiquei zonzo. Caí feito pedra, mas ainda enxergava o que estava acontecendo.
-Eu vou ter que fazer! Mas o Aleis...deixa pra lá, é a única saída! - Ela pôs o dedo na garganta e, em poucos segundos, vomitou uma enorme serpente albina dos olhos vermelhos - Coma, ande, coma aquele coração!
A serpente fitou o coração pulsando e foi então que eu ouvi o coração gritando a mim:
-Me salve! Me salve!
Era Sabrina, era sua voz. Uma força estranha tomou conta de mim. Eu me levantei rapidamente, e sem saber exatamente o que fazer, saltei em direção a cobra e agarrei a sua calda com a minha mão esquerda. Ao tocá-la, a cobra virou cinzas.
-Mas o que essa garota fez... - Antes que a velha pudesse continuar, Sabrina enfim tomou forma e vida. Nos entreolhamos e, era como se olhássemos num espelho, pois estávamos com o mesmo corpo, ou quase.
-Obrigada!
-Mas, eu mate...
-Você devolveu! Obrigada!
Nada me varria de qualquer lugar tão eficazmente quanto o olhar dela. Era como se eu pertencesse à ela! Como se ela fosse onde eu deveria estar! Ela era minha casa. Minha completude! Quando ela me olhava, tudo ao redor parecia sem vida! Ela sempre me assassinou, com seu olhar!
-Sinto muito, mas você não pertence aqui. - Sabrina parecia cantar essa fala confusa, eu não entendia, afinal, o que ela queria dizer com isso, pois agora eu me sentia em casa. Tudo estava lá, inclusive a sua presença.
-VENTRISH! - ela sussurou no meu ouvido.
O meu corpo reagiu de forma autônoma, comecei a me debater no chão e tudo que eu podia fazer era manter meus olhos fixos no olhar tristonho e encantador dela. Minha boca começou a fumegar e meus ossos estalarem.
-Ela está virando um garoto! - resmungou a gorda.
Percebi, então, que eu estava tomando a minha forma natural. Sabrina estava me deixando mais uma vez.
-Volta, por favor!
Essas foram as últimas palavras dela, antes de eu me sentir sugado por um clarão. Quando despertei daquela vertigem, olhei ao redor e tudo que via era um lugar tomado por homens extremamente altos, todos vestindo túnicas irritantemente brancas, um céu assustadoramente azul no horizonte mais infinito que eu já havia contemplado. Tudo era silêncio. Mas não era vazio. Era silêncio, mas era completo. Tudo parecia estranhamente perfeito. Eu me sentia tão sujo quanto um mendigo há dias sem banhar-se. Eu parecia um ponto negro num universo alvo. Um dos homens vinha do alto, e suas asas eram sublimes. Pude contar e, eram sete.
-Bem-vindo irmão! - o homem gigante com sua voz suave e tenra me acolhia.
Sem pretensão alguma, eu resolvi compartilhar minha paixão, que é meu livro! Espero que gostem e perdoem o meu amadorismo.
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sábado, 23 de junho de 2012
sábado, 21 de janeiro de 2012
LIVRO "NEM CÉU NEM INFERNO" PARTE 17
-Ora, Fri...Fri...FriedA! O que...o que...está ACONTECENDO?! – Um homem com cor de cadáver coçava a cabeça enquanto tentava, de forma sofrível, articular algumas palavras. Ele piscava infinitamente. Seus braços tremiam e ele caminhava lentamente em direção a velha. Que alternava entre aguardar aquele tronco albino rastejante e vigiar o que fazíamos. O homem parou um pouco para respirar e se curvou.
A velha num movimento de rata, arrancou uma carta do busto e lançou contra nós. A carta embrulhou-nos e se fechou como uma bola. Podíamos ouvir, o que a velha conversava, mas tudo estava escuro e fedorento, devido a presença dos dois ogros.
-Ora meu rei! – Com a voz trêmula a velha parecia tentar disfarçar – Desculpe pela balbúrdia. Como vês, a rainha caminhava comigo pelos corredores do templo, conversávamos sobre os antigos covens do Egito, aqueles...
-E....e o que...desmaiada?
-Bem, como eu disse! – A velha emitiu um riso sem graça ao ser interrompida – enquanto conversávamos sobre assuntos diversos, a rainha se queixou de uma leve vertigem e, de repente, foi com a cara no chão, com o perdão da expressão minha majestade.
-Leve-a...você...ressuscitar...enfim...não me incomod...
-Tudo bem! Entendi! Eu já conheço o procedimento minha majestade, será que eu poderia lhe oferecer um chá de cogumelo para curar a sua...
-CURAR O QUÊ? – a voz então, fraca e gaguejante, se transformara num trovão que penetrou nossos ouvidos e deixou um zumbido chato e infinito.
-Nada, minha majestade! Mil perdões.
-ONDE ESTÃO?
- Balkis, me disse que Ronove os levou para um passeio.
-TRAGAM TODOS AQUI ANTES DAS NOVE BATIDAS.
-Como desejas. – a voz parecia rancorosa e obediente. A velha parecera perder toda a compostura.
Quando já não ouvíamos mais o rastejar do rei. Uns passos irritantes pareciam se aproximar, como eu sabia que a velha viria buscar-nos e junto com isso a chave, coloquei-a debaixo da língua, mas quando a bola se abriu, caímos no chão e engoli a chave. Senti um grande mal-estar e vomitei. Em meio ao vômito, algo parecia saltar. Olhei mais de perto e vi meu coração.
A velha num movimento de rata, arrancou uma carta do busto e lançou contra nós. A carta embrulhou-nos e se fechou como uma bola. Podíamos ouvir, o que a velha conversava, mas tudo estava escuro e fedorento, devido a presença dos dois ogros.
-Ora meu rei! – Com a voz trêmula a velha parecia tentar disfarçar – Desculpe pela balbúrdia. Como vês, a rainha caminhava comigo pelos corredores do templo, conversávamos sobre os antigos covens do Egito, aqueles...
-E....e o que...desmaiada?
-Bem, como eu disse! – A velha emitiu um riso sem graça ao ser interrompida – enquanto conversávamos sobre assuntos diversos, a rainha se queixou de uma leve vertigem e, de repente, foi com a cara no chão, com o perdão da expressão minha majestade.
-Leve-a...você...ressuscitar...enfim...não me incomod...
-Tudo bem! Entendi! Eu já conheço o procedimento minha majestade, será que eu poderia lhe oferecer um chá de cogumelo para curar a sua...
-CURAR O QUÊ? – a voz então, fraca e gaguejante, se transformara num trovão que penetrou nossos ouvidos e deixou um zumbido chato e infinito.
-Nada, minha majestade! Mil perdões.
-ONDE ESTÃO?
- Balkis, me disse que Ronove os levou para um passeio.
-TRAGAM TODOS AQUI ANTES DAS NOVE BATIDAS.
-Como desejas. – a voz parecia rancorosa e obediente. A velha parecera perder toda a compostura.
Quando já não ouvíamos mais o rastejar do rei. Uns passos irritantes pareciam se aproximar, como eu sabia que a velha viria buscar-nos e junto com isso a chave, coloquei-a debaixo da língua, mas quando a bola se abriu, caímos no chão e engoli a chave. Senti um grande mal-estar e vomitei. Em meio ao vômito, algo parecia saltar. Olhei mais de perto e vi meu coração.
domingo, 2 de outubro de 2011
LIVRO "NEM CÉU NEM INFERNO" PARTE 16
Um sonido sutil coçou a minha orelha e me fez despertar do sono profundo no qual me encontrava. Abri vagarosamente um dos olhos a fim de descobrir a fonte daquele barulho levemente irritante. Então, pude analisar a sombra que adentrava lentamente o aposento, era a rainha Balkis.
-Psssiu – fez ao me enxergar desperto.
Ela se curvou e deixou um objeto dourado, o qual refletia o fino feixe de luz que alcançava o centro do quarto. Parou alguns segundos ao olhar fixamente em meu único olho aberto. De repente, fechou a porta com uma força brutal, o que ocasionou o despertar dos restantes. Subsequente ouvimos alguns passos pesados do lado de fora. Vozes animalescas sibilavam o nome Balkis. Corri e tentei buscar um buraco na porta para compreender aquilo que ouvira. Achei um, tristemente minúsculo. Mais uma vez, com apenas um olho, pude fitar a silhueta de Balkis e, logo depois, dois gigantes, que a alcançaram e grotescamente a tapearam. Ela foi ao chão tal como um pedregulho lançado ao léu por mãos provincianas, ou seja, ela caiu como uma jaca podre.
-Ha...ha..haha..ha. – Uma senhorinha gorda e de aparência enfadonha, com os olhos de panda e uma incomum careca salpicada com longos negros fios, tilintava uma risada sofrível e com algumas pausas involuntárias acompanhada de uma tosse cheia de catarro.
Os dois gigantes chutavam a rainha de um lado para o outro, para mim ela já estava desfalecida, o que foi comprovado quando a velha nojenta fez um sinal para que eles findassem com a brincadeira e a rainha permaneceu imóvel.
-Onde será que essa mentecapta escondeu a chave? Se Aleister descobre que eu me descuidei, não sou capaz nem de imaginar que fim ele daria a mim. Andem, comecem a procurar ao redor suas bestas! – A velhusca ordenou aos seus subordinados.
Nos entreolhamos e, unissonamente, fitamos o objeto deixado pela rainha há pouco. Chegamos a conclusão de que aquela era uma chave, obviamente a chave que a velhustra citara.
Os passos dos gigantes denunciavam a intenção de entrar no aposento, que fora confirmada quando eu, novamente, olhara pelo buraco. Voltei-me para a chave e, instintivamente, a segurei numa tentativa inocente de resguardá-la. Subitamente, uma forte luz foi emitida da chave, a porta se abriu, os gigantes fitaram a chave, os outros fitaram a chave, eu fitei a chave, os gigantes vinham em minha direção, todos pularam e se agarraram a chave, o que fez com que dez dos dezessete infantos que ali estavam sumissem como um pum envergonhado.
-Psssiu – fez ao me enxergar desperto.
Ela se curvou e deixou um objeto dourado, o qual refletia o fino feixe de luz que alcançava o centro do quarto. Parou alguns segundos ao olhar fixamente em meu único olho aberto. De repente, fechou a porta com uma força brutal, o que ocasionou o despertar dos restantes. Subsequente ouvimos alguns passos pesados do lado de fora. Vozes animalescas sibilavam o nome Balkis. Corri e tentei buscar um buraco na porta para compreender aquilo que ouvira. Achei um, tristemente minúsculo. Mais uma vez, com apenas um olho, pude fitar a silhueta de Balkis e, logo depois, dois gigantes, que a alcançaram e grotescamente a tapearam. Ela foi ao chão tal como um pedregulho lançado ao léu por mãos provincianas, ou seja, ela caiu como uma jaca podre.
-Ha...ha..haha..ha. – Uma senhorinha gorda e de aparência enfadonha, com os olhos de panda e uma incomum careca salpicada com longos negros fios, tilintava uma risada sofrível e com algumas pausas involuntárias acompanhada de uma tosse cheia de catarro.
Os dois gigantes chutavam a rainha de um lado para o outro, para mim ela já estava desfalecida, o que foi comprovado quando a velha nojenta fez um sinal para que eles findassem com a brincadeira e a rainha permaneceu imóvel.
-Onde será que essa mentecapta escondeu a chave? Se Aleister descobre que eu me descuidei, não sou capaz nem de imaginar que fim ele daria a mim. Andem, comecem a procurar ao redor suas bestas! – A velhusca ordenou aos seus subordinados.
Nos entreolhamos e, unissonamente, fitamos o objeto deixado pela rainha há pouco. Chegamos a conclusão de que aquela era uma chave, obviamente a chave que a velhustra citara.
Os passos dos gigantes denunciavam a intenção de entrar no aposento, que fora confirmada quando eu, novamente, olhara pelo buraco. Voltei-me para a chave e, instintivamente, a segurei numa tentativa inocente de resguardá-la. Subitamente, uma forte luz foi emitida da chave, a porta se abriu, os gigantes fitaram a chave, os outros fitaram a chave, eu fitei a chave, os gigantes vinham em minha direção, todos pularam e se agarraram a chave, o que fez com que dez dos dezessete infantos que ali estavam sumissem como um pum envergonhado.
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